terça-feira, 22 de setembro de 2009

Dois papas, duas opiniões


João Paulo Segundo era querido pela maioria dos seguidores, fanáticos ou não, da igreja católica. Desde a sua entrada como pontífice da Igreja veio quebrando protocolos. Era o primeiro papa não italiano em quase quinhentos anos. Mas suas atitudes eram em defesa dos homens, quando por muitas vezes usou de seu poder de imagem em missões de paz e na luta incessante dos direitos humanos.
O Papa, com sua cara de bonzinho, não era considerado radical, conseguia aos poucos entender a modernidade do mundo e caminhar para uma abertura da igreja católica, além do bom relacionamento com os jovens. Sem dúvida, a sua facilidade com os meios de comunicação, e sua forma de se comunicar com o interior das pessoas o fez o Papa mais popular da história.
De reconciliação com judeus à fortes críticas ao embargo econômico dos Estados Unidos à Cuba, visitou mesquitas e sinagogas, pela primeira vez na história dos Papas. Como também, pediu perdão pelos erros dos antigos religiosos católicos em episódios lamentáveis como as cruzadas. Configurava um militante ativo mesmo quando sua aparência física não negava: o Papa estava doente. Sua morte foi lamentada por vários religiosos de outras crenças, por sua importância como formador de opinião pública mundial.
Por mais o cardeal alemão Joseph Ratzinger tenha muita dedicação à Igreja e sua militância dentro da Instituição seja considerável, sendo teólogo doutorado e grande estudioso da fé, o mundo ficou perplexo com a escolha do novo Papa. De cara, por ter tido relação com o exército nazista já causou pré-conceitos.
Mas o que realmente causou sua primeira crítica foi o nome escolhido por ele de Bento XVI – Bento é o padroeiro da Europa, mostrando uma possível inclinação para o continente europeu. Ao longo desses quatro anos, Bento XVI recebe críticas severas, talvez pela comparação constante com João Paulo Segundo. Ao afirmar a igreja católica como a única salvadora, Bento criou problemas com os protestantes, que antes admiravam João Paulo. Fez, na Alemanha, discurso diminuindo a figura de Maomé, o que revoltou o Mundo Islâmico.
Condenou severamente o uso de anticoncepcionais, o aborto e o homossexualismo.E ao mesmo tempo é acusado pela BBC de acobertar religiosos pedófilos. E cada vez mais reafirma os dogmas da Igreja, quando expõe que a solução da ADIS é a vida nas regras divinas, assim não há contaminação. A moralidade sexual das mulheres é cláusula rígida de Bento XVI, mas o apoio das beatas à suas ordens, que mais parecem ordens divinas, com a contínua imagem do enviado de Deus. A distância da Igreja com os jovens, hoje, é de quilômetros, quem não segue a castidade proposta pelo Vaticano não deve nem comungar.
No ano passado, o Brasil se chocou com uma atitude infantil do Vaticano, que merecia risadas e aplausos a atitude da cantora. Daniela Mercury, cantora de sucesso no Brasil e no exterior foi convidada a cantar na Praça São Pedro em uma homenagem. Mas quando sua carreira passou por uma triagem divina, foi descoberto um comercial de carnaval, no qual Daniela pedia que os jovens se protegessem usando a camisinha. Esta palavra agride mais o catolicismo do que o próprio demônio. Talvez este esteja encarnado no século XXI em látex, dentro de saquinhos que são distribuídos.
A Igreja anulou o convite à cantora baiana, que no início se sentiu ofendida, já que a Igreja não pode decidir sobre suas atitudes, que além de tratar das ideologias de cada um, diz respeito ao lado econômico de trabalhos midiáticos. Talvez hoje, a cantora se sinta agradecida a atitude da Igreja. Afinal, é melhor incentivar a proteção sexual e assim colaborar com a Vida, do que fechar os olhos para a realidade em festas produzidas pela maior instituição de manipulação do mundo.
O caso mais recente de críticas ao Papa, e assim cada vez mais há o esvaziamento da fé no catolicismo, pelo menos naqueles que são razoáveis foi o caso da menina de 9 anos no Recife que foi estuprada pelo padrasto e teve que fazer uma cirurgia abortiva urgente, correndo risco de vida, já que sua estrutura física não era capaz de levar uma gestação à diante. O que mais era importante na hora da decisão pela cirurgia era a vida da menina. Na medicina, a vida da “mãe” é sempre prioridade em relação ao bebê, e neste caso, para toda a sociedade, não só dos médicos, a vida da pequena sofredora era mais do que fundamental.
Mas a sua religião não pensou da mesma forma, sem abrir exceções no caso de aborto, a menina foi excomungada pela religião católica com o apoio do Papa, tanto quanto seus médicos e mãe. Já o padrasto foi excomungado pela população que queria linchar o “filho de Deus’’ segundo os ensinamentos do Papa. A nossa sorte é que por mais religiosa que a nossa população seja, ela tem esclarecimento o suficiente para imortalizar a célebre frase da médica - “ Fui excomungada, Graças à Deus”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário